O Fórum da comarca de Pinhalzinho, aliás, parou para o segundo dia de oitivas sobre o crime ocorrido em uma creche no município de Saudades. Apenas testemunhas e servidores puderam entrar no prédio na última terça (24). Das 14 pessoas escolhidas para depor, sete foram dispensadas. Uma delas foi chamada para voltar e foi ouvida.
Cada
testemunha, uma por vez, pode contar o que viu e viveu na manhã do último dia 4
de maio. As oitivas foram feitas por videoconferência. O depoente falou da sala
passiva. O advogado de defesa e o réu ficaram na sala de audiência. Juiz e
promotor de justiça participaram de seus gabinetes. A dinâmica da audiência foi
necessária em cumprimento aos protocolos de segurança sanitária, em virtude da
pandemia de Covid-19.
Depois que
todas as testemunhas de acusação falaram, chegou a vez do réu. A oitiva dele
foi feita presencialmente, com todos os envolvidos na mesma sala. O acusado
optou por responder apenas aos questionamentos do juiz Caio Taborda. O
interrogatório durou pouco mais de uma hora.
Insanidade
mental
Um novo
pedido de instauração de incidente de insanidade mental foi feito pelo advogado
de defesa. Desta vez, ele apresentou laudo com 63 páginas para atestar que seu
cliente sofre de esquizofrenia, um distúrbio que afeta a capacidade da pessoa
de pensar, sentir e se comportar com clareza.
O
profissional responsável pelo documento, concluiu que “a primeira hipótese
diagnóstica é a esquizofrenia paranoide em comorbidade, com a dependência de
jogo pela internet, em nível grave, com comprometimento total das suas
capacidades de entendimento e determinação, sobre suas agressões gravíssimas.
Desta forma, as informações obtidas correspondem à análise do estado mental do
autor, que em função de adoecimento mental, apresentava interpretações
claramente distorcidas da realidade, ao tempo do ato em discussão”.
Com base
neste documento, o magistrado deferiu o pedido. Com isso, o acusado será
transferido para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), em
Florianópolis, onde passará por avaliação. Na sequência, retornará ao presídio
de Chapecó. O processo fica suspenso por 45 dias, prazo que os peritos têm para
entregar o relatório. Esta análise será a oficial e considerada para o destino
do processo.
Em sua
decisão, o juiz citou o artigo 149, do Código Penal, que diz que “quando houver
dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente,
descendente, irmão ou cônjuge do acusado, que seja este submetido a exame
médico-legal”.
Taborda
registrou que “muito embora a ressalva de entendimento pessoal que neste
momento consigno, ratificando integralmente todas as decisões anteriores
relacionadas aos demais pedidos de instauração do incidente de insanidade
mental, entendo que, com a juntada do laudo, pela defesa, não há como se
ignorar a opinião especializada do médico psiquiatra, que subscreveu o exame
sob sua responsabilidade pessoal e profissional, auxiliado por duas
psicólogas”.
O agressor
foi denunciado por 19 crimes de homicídio entre consumados e tentados. Na manhã
do dia 4 de maio deste ano, ele entrou em uma creche no município de Saudades e
com uma adaga – espécie de espada – golpeou fatalmente duas professoras e três
bebês. Outra criança, também com menos de dois anos, foi socorrida e se
recupera em casa. O processo tramita em segredo de justiça.
Segurança
Para a
realização dos trabalhos no fórum de Pinhalzinho, houve reforço no esquema de
segurança interna e externa. O trânsito foi interrompido nas ruas ao redor do
prédio. Participaram 10 homens do Núcleo de Operações Táticas (NOT) e 13
policiais militares das guarnições de Pinhalzinho, Saudades e Chapecó, com
auxílio dos grupos do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) e Canil. O Núcleo
Interno de Segurança do Poder Judiciário de Santa Catarina (NIS) também esteve
presente.
Fonte: Assessoria de
Imprensa/NCI
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